top of page
  • Foto do escritorMarcos Maia

Ansiedade



Seria imprudente sinalizar aqui uma causa geral para a ansiedade, tendo em vista que os fatores disparadores se diferenciam de pessoa para pessoa, do mínimo ao mais elevado grau, em diferentes contextos e em suas mais diversas manifestações. Todos temos ansiedade, visto que nem sempre se trata de um quadro patológico.

Em alguns casos em que a ansiedade compromete a vida funcional de uma pessoa, é possível entendê-la como um estado entre um evento traumático e a formação de sintomas.

A partir de uma experiência traumática, o enredo desse trauma é reprimido da consciência e ocorre uma separação entre o afeto decorrente dessa experiência e sua respectiva representação, em que os afetos são deslocados para algo, tal como o corpo, e a representação, que permanece inconsciente, se manifesta através de sensações de ansiedade.

A repressão da representação não é completamente efetiva por provocar assim uma excitação, um acúmulo de energia não descarregada causando aflição e com isso a pessoa vai entrando em estados típicos como uma sensação de alerta, uma necessidade de antecipar e/ou se prevenir de acontecimentos, entre outras manifestações.

Já o afeto proveniente pode ser deslocado para o corpo produzindo sintomas característicos; ou esse deslocamento pode se voltar para ideias substitutivas, quando ocorre a neurose obsessiva produzindo sintomas de repetição e sistematização de atos, o que a psiquiatria denomina como TOC (transtorno obsessivo compulsivo), por exemplo, para substituir o trauma; ou pode ocorrer o deslocamento do afeto para o mundo com a paranoia; ou esse deslocamento pode ser direcionando para um objeto terceiro, no caso das fobias.

Essa energia acumulada com a repressão da representação para o sofrimento vai causando episódios de medo, sentindo como se algo trágico estivesse por acontecer.

É importante questionar o atual processo de patologização da vida (todo incômodo sendo entendido como doença) no âmbito do consumo de medicamentos psicofármacos e decorrentes diagnósticos às vezes precipitados, mas isso não invalida a noção de que numa sociedade acelerada, como atualmente, ocorra uma propensão maior ao padecimento em estados de ansiedade e de depressão.

Em tempos de imperativo da felicidade e de mercantilização de identidades, a ansiedade frequentemente se produz como efeito.

Uma sociedade em que se fatura com a baixa autoestima produz pessoas ansiosas.



Posts recentes

Ver tudo
bottom of page